Sinto saudade de tudo
das noites não dormidas
do apertar das mãos, e sobretudo
das ansiedades não resolvidas.
Sinto saudade de tudo
de sonhar com a humanidade
sem prazo, sem tempo, mudo
o que poderia ter eu se não saudade?
Sinto saudade de tudo
do mal , do bem, da natureza
do fato, do ato, do estudo
das noites de incerteza.
Sinto saudade de tudo
das mazelas do pensamento
das calças de tecido felpudo
dos calçados de lançamento.
Sinto saudade de tudo
dos tempos da matinê
do passado, que passou contudo
e o presente que é um clichê.
Sinto saudade de tudo
da voz ,da risada dos amigos de outrora
grandes companheiros de estudo
olhando o carnaval antes da aurora.
Sinto saudade de tudo
das minhas primas dengosas
do meu tipo narigudo
dos bailes, das damas ciosas.
Sinto saudade de tudo
do perfume das flores no jardim
do meu pai semeando carrancudo
as orquídeas salpicadas de carmim.
Sinto saudade de tudo
dos meus trajos , um modelo
do meu casacão sobretudo
com botões costurados a zelo.
Sinto saudade de tudo
dos primeiros acordes no teclado
a música que hoje é meu estudo
com serenidade e tempo dedicado.
Sinto saudade de tudo
da idade passada, da exceção
de viver cada segundo
sem prestar muita atenção.
Sinto saudade de tudo
das tardes de primavera
as flores desabrochando
nos vasos da janela.
Sinto saudade de tudo
não é sentimento egoista
é paixão por este mundo
é lembrança idealista.
HAMILCAR MARQUES – 21/10/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário