RECORDANDO MEU CARNAVAL EM SAMPA!

Vou rasgar a fantasia de tanto sambar nos devaneios do meu pensar.

Carnaval com samba enredo e muito amor, meu carnaval do verão

junto aos meus, enfrentando o calor.

Meu carnaval, sem brincadeiras ou alegorias, carnaval sem arruaças

sem passarela, quase nada.Esse carnaval sem JARDINEIRA tem rosas

e camélias espalhadas no meu jardim das ilusões.

Hoje é o meu carnaval, sem tristeza , nem melancolia, nada  apaga meu

brilho de folião dos sonhos de outrora. E que folião!

O meu Carnaval tem estrelas, estrelas das passarelas do samba, tomadas de

emoções arrebatadoras, fascinadas na troca de passos evoluções e na ginga

das mulatas.

Pr’a quem preferir ver o carnaval  com certa tranquilidade, longe da agitação

das ruas, hoje é muito fácil. Não há necessidade de estar no meio da folia, pois

a tevê traz as notícias para o nosso lar, e a maravilha das escolas de samba também.

O palco do meu carnaval hoje é ver o sambodromo pela tevê, onde os blocos se

sucedem e enfeitam a passarela, com as passistas e suas fantasias multicoloridas,

serpentinas e confetes, inumeras alegorias saídas das mãos maravilhosas de

artesãos do momesco. Acompanhado por uma poderosa bateria os passistas e

ritmistas usam as fantasias relativas ao tema da escola, alguns desfilando a  pé,

outros nos carros alegóricos, repletos de adereços de papel machê.

Mas, o carnaval de antigamente, era diferente. Um simples carnaval de rua

e de salão.

Nas ruas, fazia-se o Corso, um desfile de carros, onde as pessoas se divertiam

pelas ruas e avenidas numa sequência sem fim. Dos carros lançavam-se

serpentinas e confetes multicoloridos. As pessoas em suas fantasias, geralmente

feitas em casa, mascaravam-se também, brincavam com as outras de forma

inocente e sem malícia com seus lança-perfumes perfumados.

Sou um saudosista sim do Carnaval de outrora!

Muitos bairros de S.Paulo perderam seus carnavais para outros de maior relevância

onde blocos mais badalados são adorados pelos seus seguidores!

Por outro lado, diferentemente do que acontecia antigamente,  a grande maioria dos jovens, nesta época, preferem  migrar para as capitais da folia, como Salvador, Recife, Rio de Janeiro etc., que acolhem milhares de pessoas para o carnaval de rua, dos trios elétricos, o que atrai, inclusive, os turistas estrangeiros. 

No passado, cada cidade tinha seu Rei Momo, geralmente um nobre cidadão gordinho, acompanhado de sua côrte, além de vários homens vestidos de mulher ou nos trapos.

Havia, em algumas localidades, guerras de ovos e jatos de água, banho de farinha

também, geralmente arremessada pelos moradores de sobrados e até de edifícios.

Os bailes, esses sim, famosos, como o do Paulistano, Teatro Odeon, Casa de Portugal,

Circulo Militar, Clube Banespa, Clube Homs e os salões dos clubes de futebol., deles alguns mais voltados à classe “A” e outros às classes “B” ou “C”.

Antigamente o carnaval era diferente sim! Uma comemoração tradicional. Não

como agora que o povo  aproveita os feriados para sua curtição, farra, bebedeira,

onde as pessoas perdem a noção da moralidade e respeito ao próximo. As estradas

estão mostrando essa falta de responsabilidade com o semelhante, frente aos

inúmeros acidentes nas estradas.

Hoje, o que mudou não foi o carnaval em si, foram as pessoas que perderam a

noção das coisas, foram os governantes e a febre do comércio irreverente!

Os blocos de rua transformaram-se no que se vê hoje em dia, no deslumbramento

das escolas de samba e suas fantasias, verdadeiras obras de arte. Carros alegóricos esculturais e gigantescos, mudanças comportamentais da passagem do tempo.

No passado,  por volta de 1960, eu com meus 21 anos via o carnaval como uma

festa da cristandade, uma alegria que contagiava as famílias e amigos, reunindo

inclusive as crianças, adultos e idosos num congraçamento sem par!

Sem menosprezar a festa de momo, transformou-se o carnaval agora, numa

atração turística com muita pompa e dinheiro envolvido, “abundância” na fantasia

das mulheres, bailes regados  a drogas, muita bebida, luxúria e..., infelizmente, falta de vergonha, com raras exceções!
Infelizmente o Brasil de hoje, esse país que poderia ser próspero e estável economicamente, está dando mostras de que continua sendo somente o país do futebol e do carnaval, face aos problemas imensos que temos vivido com a corrupção, violência, saúde e educação precárias e etc.,etc. Um país que pela extensão territorial e riquezas naturais, poderia ser um exemplo para o mundo! Falo isto com dor no coração, mas continuo convicto de que brevemente o sol voltará a brilhar nesta terra abençoada por Deus!

HAMILCAR  MARQUES  -  PUBLICADO EM 21/02/2012. EDITADO EM 03/03/2014.