domingo, 11 de novembro de 2012

NOSSO TRANSPORTE COLETIVO - UMA CRÔNICA PARA REFLEXÃO!

Hoje é dia de ir ao dentista com o meu carro. Que problema!

Já havia um bom tempo que não me deslocava até o bairro de Higienópolis.
Parece mentira, mas o trânsito anda caótico em todos os sentidos. São Paulo só é transitável hoje em dia, nos feriados prolongados ou nos finais de semana, caso contrário, haja paciência para enfrentar esse trânsito infernal. Mas, se formos ao âmago da questão, chegaremos à conclusão que esse trânsito é fruto de três problemas básicos que vem ocorrendo no Brasil, em grandes metrópoles como São Paulo.
O primeiro é a falta de estrutura de nosso transporte coletivo urbano, a péssima conservação dos ônibus de algumas companhias que operam na grande São Paulo.
No passado, já fiz uso durante muitos anos do transporte coletivo e nessa época, por volta dos anos 60, esse sistema era bastante razoável.
Hoje em dia, os ônibus urbanos mais se parecem com latas de sardinha. É um total desrespeito ao público pagante, que além de viajar horas em pé, carecem de qualquer conforto. Os veículos são mal ventilados, as pessoas sofrem excesso de calor e total falta de segurança. Quanto as mulheres, sofrem todos os tipos de abusos em nosso transporte coletivo, seja nos ônibus, ou até mesmo nos trens de subúrbio. No tocante às mulheres grávidas nem se fala! A falta de respeito é total. Ninguém se digna a oferecer seus lugares para sentar e para justificar esse lamentável fato os marmanjos fingem dormir.
Algumas pessoas dizem que os velhos apreciam se vangloriar do passado! No entanto, às vezes, temos saudade desse passado nos transportes urbanos.
Naquela época, havia respeito para com os deficientes, idosos e mulheres grávidas aonde quer que fossemos! Bastava um idoso subir num ônibus para que, de pronto, as pessoas gentilmente oferecessem seus lugares.
Hoje o transporte coletivo é uma selva, além de caro é inadequado, veículos sujos, com mau cheiro.  Os motoristas e cobradores mal preparados, não recebem treinamento adequado quanto a educação e cidadania.
Assim, o segundo  problema, consequência do mal funcionamento do transporte coletivo, é o volume de carros particulares nas ruas e avenidas de São Paulo.
As pessoas que tem carro não o deixam na garagem de casa para usar o transporte público. Esse é  ineficiente e ninguém quer se  sujeitar a viajar espremidas dentro de um
veículo horas a fio. O Metrô seria para São Paulo, o meio de transporte mais eficaz, rápido e econômico como havia sido idealizado. Infelizmente não funciona tão bem como poderia ser! Foi o saudoso Prefeito Faria Lima que teve a ideia de implantar o Metrô na cidade de São Paulo, lá pelos idos de 1966. Assim, depois de marchas e contra marchas, estudos e mais estudos, concorrências diversas, foi criado um consórcio que deu início às obras em 1968.  Os demais prefeitos que o sucederam foram levando a obra do Metrô adiante, alguns de forma mais lenta , outros de forma mais dinâmica.
Mas a cidade como era esperada, cresceu. Expandiu-se o comércio e a população que era de aproximadamente 11.300.000 habitantes em 1968, hoje remonta a cifra de mais de 20 milhões de habitantes. Muitas linhas do Metrô foram criadas para atender a população sofrida desta grande cidade. No entanto, hoje já temos problemas com esse meio de transporte também.
Vagões lotados, pessoas de pé, fazendo inúmeras baldeações para chegarem aos seus destinos, atrasos nos horários das composições. Esse transporte,  hoje não é barato!
Como foi planejado na época por Faria Lima, o Metrô teria tudo para ser o meio de transporte do futuro, com alta capacidade de massa, rápido, seguro, melhorando altamente a qualidade de vida da população desta grande metrópole, reduzindo o tempo de locomoção e certamente tiraria das ruas um grande número de carros particulares, desafogando o trânsito caótico. Infelizmente não é isso que vem ocorrendo, se nos basearmos nas notícias recebidas todos os dias  através da mídia  impressa e falada sobre os problemas que se avolumam no Metrô paulista.
Voltando agora ao que eu dizia no início desta crônica, toda vez que vou ao dentista, perco em média duas longas horas no trânsito usando condução própria. No meu caso, fica mais fácil e tolerável a demora, uma vez que sendo aposentado não dependo de horário. Entretanto, para as pessoas que dependem de horário o problema se torna insustentável. Mas, sem querer ser negativista, o trânsito em São Paulo deverá se tornar caótico, nos próximos dois anos.
Esse é, portanto o problema que não só São Paulo enfrentará num futuro próximo, mas todo o Brasil, o excesso de carros particulares nas ruas, atravancando o trânsito e causando congestionamentos.
Isso porque, todos os dias as montadoras de veículos despejam no mercado milhares de veículos novos, financiados até em 60 prestações, sem entrada, sem mais nada, e ainda pagam o IPVA do comprador. Com essas promoções, e ainda, o incentivo do governo com a redução do IPI, grande parte da nossa classe média se lança nessa aventura, primeiro pela oportunidade de ter um carro novo ,e segundo com a ilusão de que chegará mais rapidamente ao seu destino, sem depender do transporte coletivo. As campanhas para deixar o carro em casa, sempre foram um engodo! Assim, vemos mais carros nas ruas, somados aos ônibus, motos, vans, bicicletas, carretas e até caminhões.
E quem sofre com tudo isso é o povo estressado, sem paciência.
E agora, o governo acaba de oferecer incentivo às montadoras estrangeiras que desejarem instalar suas fábricas no Brasil utilizando mão de obra e matéria prima nacional.  Acharia essa iniciativa louvável, se os governantes estivessem procurando resolver os problemas do povo. Entretanto, nada vemos em termos de restruturação dos transportes de massa a não ser promessas jamais cumpridas. E o trânsito cada vez mais estressante, sempre congestionado, cansativo, violento  e sem solução.
Desta forma como está, o transporte e os congestionamentos causam danos à saúde pela rotina das grandes cidades como São Paulo, pioram a qualidade de vida e do ar e diminuem a sensação de bem estar dos cidadãos diariamente. AONDE IREMOS PARAR com tudo isso? Certamente pararemos sim nos congestionamentos, sujeitos inclusive a assaltos e um dia estaremos enfrentando  UM DIA DE FÚRIA, como ocorreu no filme protagonizado por Michel Douglas a alguns anos atrás!

CRÔNICA ESCRITA POR HAMILCAR MARQUES EM  02/03/2012 E EDITADA EM 11/11/2012.


4 comentários:

  1. Eduardo H.Filho, comentou no mural do Grupo Debate Social:
    Tudo indica que já perdemos a batalha para melhorar o trânsito de São Paulo nos próximos 18 anos (2030). Novas medidas paliativas, como mais um dia de rodízio, ou o pedágio urbano na área central, ou o estimulo ao ciclismo não resolverão o caos criado.
    Metrô, pode ajudar, mas demora demais e a malha é limitada.
    Como, agora, vão dizer aos paulistanos que nao podem usar seus automóveis, depois de todo o empenho para a venda financiada ?
    Penso que a medida urgente deve ser fazer grandes desapropriações, alargando e expandindo as avenidas principais para viabilizar logo o escoamento do trãfego.
    Mais: abortar, rapidamente, o adensamento demográfico da cidade, que atinge nível alarmante, estimulado pelo vigente zoneamento e pela incontrolada atuação das incorporadoras e imobiliárias.
    As administrações municipais se sucedem, impotentes para melhorar a situação. Parece que a mais recente medida bem sucedida foi a implantação dos corredores de ônibus, e isso já faz um bom tempo.
    Vejo com otimismo o anunciado projeto da Prefeitura, o SP2040, (sp2040.net.br/), lançado só agora, no apagar da gestão Kassab, que propõe pensar e projetar a cidade para o ano 2040. Tomara que o projeto seja continuado e aperfeiçoado pelas novas gestões.
    Ou nos restará mudarmos para o interior.
    A frase de hoje, na FSP, de Lawrence Ferlinghetti (93), poderia nos estimular a fazer alguma coisa: "Precisamos lutar pelo futuro. Ou respiramos e agimos agora ou acabaremos com tudo."

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  2. Caro amigo, não preciso acrescentar mais nada ao seu texto. Já disse tudo!
    Basta apenas colocar que assino embaixo.

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  3. Marcos Aurélio Pinto comentou no mural de Debate Social:
    É bom lembrar que a densidade demográfica do Estado de São Paulo, incluindo a Capital, tende a diminuir nos próximos 30 anos. São Paulo registra taxa de fecundidade menor que a média do País com apenas 1,72 filho por mulher entre 15 e 49 anos de idade. Esse índice foi apontado através do estudo “Situação Social nos Estados”, série do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre todas as unidades federativas do Brasil que aborda a região paulista. Isso significa que em cerca de 30 anos, a população brasileira começará a diminuir e que o estado de São Paulo pode enfrentar esse processo antes do restante do País. Diminuindo a população da cidade de São Paulo, consequentemente haverá reflexo no trânsito, melhorando o tráfego. Também, a transferência da Capital para região do interior do Estado, com mudança da sede dos Poderes Executivo, Legislativo e Judicial desafogará o trânsito da cidade de São Paulo. O incentivo e desenvolvimento de novos polos econômicos, educacionais e produtivos para cidades do interior serão também contributivos para a melhoria do trânsito em São Paulo. Há diversas medidas para ser adotada com visão futurista, basta vontade política para programá-las.

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  4. Eduardo H.Filho comentou no mural de Debate social:
    Para os próximos 10 anos, dez, chama o Maluf... Vamos abrir novas avenidas, ampliar o Metrô e mudar a capital para Brotas. Talvez ele fosse o cara, e não percebemos. Vamos ficar esperando que baixe a taxa de mortalidade? E bote cancelas nos limites da cidade, pra reduzir o fluxo de quem ainda precisa vir para Sanpa

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