Ontem mergulhando
fundo num saudável devaneio, imaginando paisagens da serra nesse anseio, peguei
meu carro e segui pela estrada serpenteando as montanhas, numa inusitada viagem
de sonho.
Era
noite de outono e soprava uma suave brisa na subida. Nesse ameno clima eu me sentia com a alma
resignada! Ouvia até o murmúrio dos pássaros lá fora nas ramadas, no instigante
clamor da madrugada.
Estava
além do meu ser, quando entrando numa névoa, perdi a visão por alguns segundos
e deparei-me com o que parecia ser um túnel do tempo ou algo assim.
Depois
tudo ficou mais claro, do céu azul anil, brotavam estrelas iluminando tudo,
inclusive , via ao longe as cidadelas como se fossem pequenas arandelas
iluminando o horizonte gentil!
Descortinava
do alto da serra, um panorama deslumbrante onde o luar invadia alucinante o para-brisa do meu carro! Como não apreciar
essa linda jornada que eu estava vivenciando?
Seria
na realidade, uma Estrada da Felicidade essa imagem que me fazia tão alegre sem
mais nada, quando em outras semelhantes viagens , me sentia tão infeliz com
tudo?
Uma
indecisão tomou conta de mim naquele momento! Parei o carro e passei a apreciar o horizonte
no entorno.
A
neblina voltava agora, cada vez mais densa, tornando tudo em volta enevoado. Era
difícil enxergar, mas com certa dificuldade via uma enorme chapada à minha
frente.
Sentia
minha visão um pouco turva, mas atenta à paisagem do lugar!
Vagarosamente,
a bruma foi se dissipando e continuei na dúvida, sobre a Estrada da Felicidade
do meu pensar!
Um frio
intenso penetrava nos meus ossos, provocando até calafrios.
Ainda,
apreciando a beleza da chapada, via uma
planície imensa, coberta de intensa bruma e no solo, uma grama rasteira
completamente úmida.
Apesar
da sonolência, mas prestando atenção, via uma miragem, talvez fosse ilusão! Era
uma linda mulher que vinha caminhando em minha direção, cabelos esvoaçantes.
Seria
uma miragem ou uma visão, talvez algo criado pela minha imaginação!
Mas,
ela se aproximava vagarosamente sem
qualquer constrangimento! Era a imagem
de uma linda mulher usando um vestido rodado à moda antiga, de cor azul!
Nas
mãos, vestindo luvas que pareciam acenar para mim, um chale vermelho! Ela que
aparentava certa singeleza no olhar, repentinamente flutua e para no ar durante
alguns segundos, para a minha total perplexidade!
Depois,
serenamente, retornou ao seu antigo lugar sorrindo, desaparecendo lentamente e
com um delicado movimento das luvas, despediu-se!
Assim,
como num passe de magia desvaneceu e no
seu lugar formou-se, novamente, a neblina densa, só que desta vez...,
sua cor
não era branca, mas azul com um suave toque de carmim!
Hamilcar
Marques – 07/04/2015.
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