terça-feira, 14 de abril de 2015

OUTONO NA SERRA( Poetizando uma estória)


Ontem mergulhando fundo num saudável devaneio, imaginando paisagens da serra nesse anseio, peguei meu carro e segui pela estrada serpenteando as montanhas, numa inusitada viagem de sonho.
Era noite de outono e soprava uma suave brisa na subida.  Nesse ameno clima eu me sentia com a alma resignada! Ouvia até o murmúrio dos pássaros lá fora nas ramadas, no instigante clamor da madrugada.
Estava além do meu ser, quando entrando numa névoa, perdi a visão por alguns segundos e deparei-me com o que parecia ser um túnel do tempo ou algo assim.
Depois tudo ficou mais claro, do céu azul anil, brotavam estrelas iluminando tudo, inclusive , via ao longe as cidadelas como se fossem pequenas arandelas iluminando o horizonte gentil!
Descortinava do alto da serra, um panorama deslumbrante onde o luar invadia alucinante  o para-brisa do meu carro! Como não apreciar essa linda jornada que eu estava vivenciando?
Seria na realidade, uma Estrada da Felicidade essa imagem que me fazia tão alegre sem mais nada, quando em outras semelhantes viagens , me sentia tão infeliz com tudo?
Uma indecisão tomou conta de mim naquele momento!  Parei o carro e passei a apreciar o horizonte no entorno.
A neblina voltava agora, cada vez mais densa, tornando tudo em volta enevoado. Era difícil enxergar, mas com certa dificuldade via uma enorme chapada à minha frente.
Sentia minha visão um pouco turva, mas atenta à paisagem do lugar!
Vagarosamente, a bruma foi se dissipando e continuei na dúvida, sobre a Estrada da Felicidade do meu pensar!
Um frio intenso penetrava nos meus ossos, provocando até  calafrios.
Ainda, apreciando a beleza da chapada, via  uma planície imensa, coberta de intensa bruma e no solo, uma grama rasteira completamente úmida.
Apesar da sonolência, mas prestando atenção, via uma miragem, talvez fosse ilusão! Era uma linda mulher que vinha caminhando em minha direção, cabelos esvoaçantes.
Seria uma miragem ou uma visão, talvez algo criado pela minha imaginação!
Mas, ela  se aproximava vagarosamente sem qualquer constrangimento!  Era a imagem de uma linda mulher usando um vestido rodado à moda antiga, de cor azul!
Nas mãos, vestindo luvas que pareciam acenar para mim, um chale vermelho! Ela que aparentava certa singeleza no olhar, repentinamente flutua e para no ar durante alguns segundos, para a minha  total perplexidade!
Depois, serenamente, retornou ao seu antigo lugar sorrindo, desaparecendo lentamente e com um delicado movimento das luvas, despediu-se!
Assim, como num passe de magia desvaneceu  e no seu lugar formou-se, novamente, a neblina densa, só que desta vez...,
sua cor não era branca, mas azul com um suave toque de carmim!
Hamilcar Marques – 07/04/2015.


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