segunda-feira, 14 de agosto de 2017

AUSÊNCIAS E PRESENÇAS

Ausência... Um pranto inacabado! É deixar o desejo de o  presente transcender o passado.
É procurar no silêncio e na solidão tudo aquilo que deixamos para trás.
É sentir saudade dos gestos e encantos daquela presença que não mais é luz nem vida.
A presença é sempre bem-vinda quando surge gloriosa e imprevista! Quando é apenas anunciada ainda não é presença.
Dúvidas que temos e que nos preocupam,  que nos invadem a alma com pensamentos misteriosos necessitam da misericordiosa presença do Senhor.
É através da força e do poder da fé, que sentimos a presença cada vez mais forte do amor de Cristo.
É acordar à noite e não ver a outra face que antes era familiar.
É sentir um vazio infinito.  É relembrar os amigos do passado e sonhar com o que cada um tinha de melhor para oferecer.
Ausência é sentir e ouvir as melodias de outrora e reviver esses momentos com um significado de magia.
É sentir o cheiro da garoa caindo sobre a grama nas noites frias da minha juventude.
Presença é a luz da vida, ausência é a luz das trevas.
Toda a ausência lastimamos,  mas repugnante é a ausência de caráter.
Temos medo de sentir ausência, quando sabemos que a presença será impossível.
O sádico busca na ausência o sofrimento. O sábio busca na ausência gotas de prazer.
Sentir falta  é diferente de sentir saudade. A saudade quando chega trás uma agonia imensa.
A falta entristece quem a sente e quer de volta quem jamais terá!
Saudade é o reclamo dos que perderam alguém, mas o pior de tudo é não ter alguém para sentir saudade.
Um grande vazio na alma da gente é um sentimento de saudade diferente de sentir ausência; é um sentimento de abandono.

HAMILCAR MARQUES – 08/02/2013.

terça-feira, 14 de abril de 2015

OUTONO NA SERRA( Poetizando uma estória)


Ontem mergulhando fundo num saudável devaneio, imaginando paisagens da serra nesse anseio, peguei meu carro e segui pela estrada serpenteando as montanhas, numa inusitada viagem de sonho.
Era noite de outono e soprava uma suave brisa na subida.  Nesse ameno clima eu me sentia com a alma resignada! Ouvia até o murmúrio dos pássaros lá fora nas ramadas, no instigante clamor da madrugada.
Estava além do meu ser, quando entrando numa névoa, perdi a visão por alguns segundos e deparei-me com o que parecia ser um túnel do tempo ou algo assim.
Depois tudo ficou mais claro, do céu azul anil, brotavam estrelas iluminando tudo, inclusive , via ao longe as cidadelas como se fossem pequenas arandelas iluminando o horizonte gentil!
Descortinava do alto da serra, um panorama deslumbrante onde o luar invadia alucinante  o para-brisa do meu carro! Como não apreciar essa linda jornada que eu estava vivenciando?
Seria na realidade, uma Estrada da Felicidade essa imagem que me fazia tão alegre sem mais nada, quando em outras semelhantes viagens , me sentia tão infeliz com tudo?
Uma indecisão tomou conta de mim naquele momento!  Parei o carro e passei a apreciar o horizonte no entorno.
A neblina voltava agora, cada vez mais densa, tornando tudo em volta enevoado. Era difícil enxergar, mas com certa dificuldade via uma enorme chapada à minha frente.
Sentia minha visão um pouco turva, mas atenta à paisagem do lugar!
Vagarosamente, a bruma foi se dissipando e continuei na dúvida, sobre a Estrada da Felicidade do meu pensar!
Um frio intenso penetrava nos meus ossos, provocando até  calafrios.
Ainda, apreciando a beleza da chapada, via  uma planície imensa, coberta de intensa bruma e no solo, uma grama rasteira completamente úmida.
Apesar da sonolência, mas prestando atenção, via uma miragem, talvez fosse ilusão! Era uma linda mulher que vinha caminhando em minha direção, cabelos esvoaçantes.
Seria uma miragem ou uma visão, talvez algo criado pela minha imaginação!
Mas, ela  se aproximava vagarosamente sem qualquer constrangimento!  Era a imagem de uma linda mulher usando um vestido rodado à moda antiga, de cor azul!
Nas mãos, vestindo luvas que pareciam acenar para mim, um chale vermelho! Ela que aparentava certa singeleza no olhar, repentinamente flutua e para no ar durante alguns segundos, para a minha  total perplexidade!
Depois, serenamente, retornou ao seu antigo lugar sorrindo, desaparecendo lentamente e com um delicado movimento das luvas, despediu-se!
Assim, como num passe de magia desvaneceu  e no seu lugar formou-se, novamente, a neblina densa, só que desta vez...,
sua cor não era branca, mas azul com um suave toque de carmim!
Hamilcar Marques – 07/04/2015.


domingo, 25 de janeiro de 2015

SÃO PAULO – MINHA CIDADE, MINHA VIDA, PARABÉNS PELOS SEUS 461 ANOS.


Uma justa homenagem à cidade onde nasci e me criei.
É tempo de relembrar as maravilhas que consegui presenciar ao longo desses anos.
Há sessenta e um  anos,  eu assistia ao espetáculo  do QUARTO CENTENÁRIO desta nobre metrópole, que tantas alegrias me proporcionou.  Naquela época, São Paulo era uma cidade emergente, lançando os seus tentáculos em todas as direções procurando alcançar a grandeza dentro de um país em desenvolvimento crescente. Com certeza absoluta, infelizmente não participarei do QUINTO CENTENÁRIO desta linda cidade, por razões óbvias.
Hoje São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil, do continente americano e de todo o hemisfério sul.
Eu vivi o QUARTO CENTENÁRIO DE SÃO PAULO.
Naquela época, no ano de 1954, eu era um jovem adolescente de 15 anos e não esqueci até hoje aquela maravilhosa festa que foi preparada para essa solenidade.
Não era um dia qualquer, mas um dia de grande festa, pois além do QUARTO CENTENÁRIO desta cidade, comemorava-se também o aniversário da Revolução Constitucionalista de 1932. O dia era 09 de julho de 1954 uma data memorável.
Os carros buzinavam nas ruas incansavelmente, e o povo, na sua maioria a pé, dirigia-se à Catedral Metropolitana na Praça da Sé, que havia sido construída para comemorar essa importante data.
Eu também estive lá, na Missa solene, onde todos os bispos e clérigos de São Paulo participaram. Os heróis de 1932 também lá estavam.
O clima era de entusiasmo e otimismo esfuziante!
No término da missa, houve um desfile de bandas, inclusive com a famosa Banda do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e da Banda do corpo de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro.
Os festejos se prolongaram por três dias, com muita emoção pelas ruas.
Para encerrar os festejos do QUARTO CENTENÁRIO e abrilhantar o evento com um espetáculo digno desta cidade, uma indústria de São Paulo em colaboração com a Prefeitura e a Força Aérea Brasileira, entre sete e oito horas daquela gelada tarde , apresentaram  uma chuva de prata sobre a cidade, a partir do Vale do Anhangabaú.
A chuva de prata  se constituía de pequenos triângulos metálicos que foram lançados pelos aviões da FAB, iluminados pelos fortes holofotes colocados estrategicamente  no topo dos edifícios. O espetáculo era deslumbrante, sem precedentes.
A partir daquela data, sem dúvida nenhuma, São Paulo projetou-se em todo o mundo, não era mais somente o São Paulo da garoa, era sim uma cidade que tinha  ganhado o status de metrópole, a Capital econômica do Brasil.
VIVA SÃO PAULO QUE ME  CRIOU, PARABÉNS PELOS SEUS 461 ANOS DE VIDA!

HAMILCAR MARQUES – 25/01/2015.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

OS PERIQUITOS DE MANAUS(Uma crônica).




Que coisa brutal ocorreu com os pobres periquitos de Manaus no longínquo Amazonas. Dessa vez a irresponsabilidade foi  longe demais!  Os pobres pássaros não tiveram a chance de escolha.
Num condomínio de luxo, certas pessoas, com o objetivo de preservar as palmeiras, plantas ornamentais, cometeram uma barbárie!
Gente ruim essa que trocou a preservação dessas árvores que servem apenas
de enfeite para um condomínio de luxo, pela vida desses pobres animaizinhos indefesos. Foi um plano diabólico cobrir as palmeiras com redes para inibir o voo , a liberdade e a alimentação desses pássaros que alegres voavam entre elas livremente! Foi um choque para o povo manauara ver os periquitos mortos no asfalto.
Algumas pessoas da região falam em envenenamento das aves, mas nada ficou comprovado por enquanto!  
Por outro lado dizem alguns ambientalistas  consultados, que a morte de uma só vez de aproximadamente 200 pássaros teria sido, na realidade, um suicídio coletivo das aves pela falta de liberdade e alimentação!
Para quem viveu a cena, só restou o pranto e muita pena!
O que esperamos é que as autoridades locais tomem providências urgentes
para que a justiça seja feita e ainda, para que o nome dessa capital do Amazonas não fique manchada para sempre, face a esse infeliz acontecimento.
Hamilcar Marques – 08/12/2014.

domingo, 7 de dezembro de 2014

UMA PAQUERA INOCENTE.


Linda vida de sabores
Vida serena de amores
Vivo porque adoro a vida
Sou um aprendiz de viver
Mas não morreria de amores!
Possuo imperfeições e temores
Mas o que me abala e não cala
É viver procurando outra dor,
conhecendo como conheço o amor!
Mas eis que sinto o perfume da flor
é uma garota que passa, causando rumor!
Roda a saia com molejo
Olha pra mim nem percebo
Mas um amigo me avisa
Essa garota é perfeita, olha o gingado!
ela está paquerando seu jeito!
Com um requebrado maneiro
E no cabelo, um laço de fita.
Eu que não morro de amores
Resolvi testar minha sina
Fui conversar com a garota bonita,
eu que nem conhecia a bendita!
Ela perguntou o que eu queria
E eu sem pensar duas vezes, arrisquei a gracinha...
-penso que já lhe conheço morena bonita!
Ela encarou o gracejo e com olhar de poesia
falou-me baixinho: -me conhece sim, da sacristia!
Eu fiquei embasbacado sem nada pra responder
da sacristia pensei eu, dúvida atroz !!!
Que resposta vou arrumar pra não me comprometer!
Dai numa rápida investida falei com a doçura de um poeta
Sim morena, foi da sacristia da Igreja no entardecer lembra?
Dai ela virou pra mim e num tom de sarcasmo falou
Mentira moço, eu o conheci foi da mercearia
o sr. não entendeu essa minha estrepolia?
mas no entanto, gostei da galanteria!
E vou lhe contar a verdade: foi mesmo da mercearia!
Meu pai é o padeiro, homem forte, já pagou pena, é uma fera!
Vai gostar de saber que sua filhinha está na paquera
com homem de meia idade, de boa categoria, que gostaria
de pedir a donzela em casamento no final da Primavera,
pra que nada aconteça a ele, na melhor atmosfera!
Eu então muito assustado, sai numa correria danada
Quando fiquei sabendo que toda essa mentira safada
Foi por meu amigo arranjada.
Uffffffffffffffffa que susto! Amigo hem, só se for da onça!
Hamilcar Marques – 08/12/2014.




quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O ALPINISTA EM CORPO E ALMA(Um pequeno conto, um poema místico)




Hoje conto um conto, quase um sonho, sem aumentar nenhum ponto!
Era uma vez um alpinista, ousado  e idealista
Escalava um enorme penhasco esse  é o  conto
Do seu lado direito um parceiro otimista
Uma brisa forte batia nos rostos gelados e pássaros voavam em torno, com liberdade e gosto
Levitavam no ar sem qualquer  esforço, não  haviam cordas pra proteger, que sufoco...                       
Olhavam o horizonte sem fim, de um amarelo fosco e carmim .
Estavam  flutuando e não tinham receio do despenhadeiro sem fim           
Surgiu uma névoa, uma neblina, cobria toda a montanha 
Continuaram a subida a observar, surgiram nuvens espessas abaixo dos pés a passar.
A friagem os envolvia sem cessar no corpo e no ar, mas o final da escalada estava próxima de chegar.
Seus pés e mãos quase dormentes, e um grande tremor  invadia os seres enregelados.
Por fim chegam ao topo, quase  congelados, onde  avistam um platô imenso. Caíram  prostrados!
Amanheceu o dia, uma escalada de  ousadia! Fizeram o reconhecimento do lugar
Pássaros cantando nos arbustos e uma ventania sussurra sons em harmonia.
Prestando atenção ao companheiro, ele o reconhecia de algum lugar muito familiar
Talvez  fosse magia ou coisas da parapsicologia! Ao longe uma rampa para o precipício.
Haviam informações que naquela altitude, pouco  sofreriam pela ação da gravidade!
Novamente  levitando , agora entre os arbustos e arvoredos do platô.
O parceiro corre para a rampa e se lança no desconhecido sem temor voando e flutuando
no espaço como se tivesse asas, de braços abertos,  encantado.
Faz inúmeras evoluções no ar e  se precipita  em  direção ao terreno sem cessar.
Chegando bem  próximo ao solo , sugere que ambos se lançassem ao espaço
O primeiro alpinista está receoso,  foi chegando próximo a rampa...
Sentia  também uma vontade imensa de voar e flutuar no espaço.
Lançou-se no desconhecido e passou a vagar entre nuvens gigantescas sem dificuldade pois
seu corpo flutuava leve e sem qualquer esforço no ar.
Sentiam-se maravilhados  com aquela inacreditável e inusitada situação, sem  par.
Estariam eles em outra dimensão?  Só pode ser essa a explicação!
Não conseguiam tocar um no outro, nem conversar
Que situação!!!  Estavam sem ação. Seria tudo uma ilusão? Ou talvez uma alucinação???
O primeiro chega próximo do parceiro e algumas palavras são ouvidas nitidamente: -
- Sou sua alma e você meu corpo! Sou o que sou por ter a sua presença em mim. Sou visível pra  você  mas você não reconhece o conteúdo do meu ser, sou apenas um vulto. Eu o vejo como corpo que é!  Você me vê como espectro que sou de você. Você me procura no espelho e não me vê. Eu o vejo sempre como um  nítido viajante. Na realidade  somos um só!  Você matéria, eu etéreo.Precisamos voar, flutuar por esse espaço e apreciar todas as coisas belas deste mundo sem igual.
Coisas que jamais poderíamos pensar ou imaginar. Somos alados e estamos atados!
Vamos voar para receber a luz, para sentir a natureza e a beleza  do lugar.
Flutuar e voar, levitar até  sentirmos o que somos na verdade. Eu, espírito feliz neste lugar, você matéria,para aproveitarmos este momento, porque quando descermos a montanha vamos nos separar novamente! Você volta a ser, um ser vivente  e eu, sua alma transparente”!

Assim termina o conto , meio místico, meio aéreo, um verdadeiro refrigério!
HAMILCAR MARQUES = 10/08/2014.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

VELHA JAQUEIRA.












                                        

Hoje
 lembrei-me
da velha jaqueira no
 quintal do meu avô! Ela era
 Uma árvore centenária, muito velha
 e ele a chamava de Isabela. Imensa repleta
de galhos fortes abrigava ninhos de pássaros. Pássaros lindos
  coloridos, grandes e pequenos pousavam nela. Ela era de porte gigantesco
a Isabela media dez metros de altura sem balela.
Meu avô criava canários e construiu um grande viveiro dentro dela. Onde armava os
 Alçapões  para pegar outros pássaros sem tutela. Todos passarinhos cantavam pousados
nos galhos da jaqueira Isabela.
E meu avô apreciava essas aves tagarelas maravilhado,  da sua  janela.
Lembrando desse tempo, recordo minha infância quando na casa do meu avô eu brincava,
Correndo  pela escadaria do quintal sem cautela e me escondia atrás do tronco da jaqueira
Isabela brincando com meus primos e amigos , garotada levada da breca.
Agora já velho, na melhor idade, relembro sorrindo desses fatos. Foi assim que
Aprendi muitas lições com meu avô, que pegava os pássaros
e os cuidava, principalmente
 àqueles fatigados e sem abrigo.
Dava-lhes alimentação sadia
  e depois  sem contratempos 
quando estavam
 acostumados  no viveiro,
 os soltava
na jaqueira onde viviam
 regalados envoltos em cuidados
 todo o tempo e voltavam para o viveiro
 sempre, acostumados, bem tratados 
para dormir sossegados.
Que saudade do meu avô
 e da jaqueira Isabela.

Hamilcar Marques – 04/08/2014