terça-feira, 26 de junho de 2012

FESTA JUNINA – UMA CRÔNICA SAUDOSISTA.



O tempo passou mas não apagou as lindas lembranças das festas juninas, da minha infância querida.
Já fui criança sim, e uma criança levada da bréca, mas sem vícios ou maldade.
Nasci no bairro da Bela Vista, que para os italianos  era denominado Bexiga, um dos tradicionais bairros de São Paulo.
Aos nove anos de idade, eu e meus irmãos mudamos para a Vila Pompéia onde meu pai havia comprado uma casa térrea, e lá eu me criei.
O bairro era pobre, por volta dos anos 50, as ruas todas iguais com muitas ladeiras, algumas calçadas com paralelelepipedos, outras de terra batida como era a que eu morava.
Eram casas de um modo geral  antigas mas amplas, com belos quintais e jardins na frente, para a alegria do meu pai que passava os domingos ajeitando as plantas e flores de sua preferência.
No mês de junho, as festas no bairro eram marcantes.
Como a rua era de terra batida, as fogueiras eram armadas no meio da via pública. Assim, durante os festejos batatas doces e pinhões eram assados, e até as crianças experimentavam um pouquinho de quentão.
Nessa época, não havia proibição para soltar balões, nem tampouco para correr atrás deles. E eu vivi esses momentos como nunca!
Eu e meus amigos, meus pais e irmãos, à noite em volta da fogueira nos divertiamos .
 Alguns pulavam a fogueira, outros tentavam passar pelo braseiro vivo com os pés descalços, uma temeridade! Soltavamos balões, busca-pés e caramurus. Minha mãe pintava bigodes com carvão em mim e em todos meus amigos.
Meu pai e minha mãe adoravam também essas festividades e incentivavam eu e meus irmãos a gostarem também. Eram festas sadias e tradicionais. Meus pais, nessa oportunidade, colocavam  as cadeiras na calçada da rua onde moravamos e organizavam uma festa de rua como poucas no bairro.
Tinha fogueira, fogos de artifício, quentão com gengibre cravo e canela, pé de moleque, pipoca, batata doce e pinhão assados na brasa viva da fogueira.
Tinha decoração com bandeirolas presas nos postes de luz, e as pessoas que jogavam conversa fora... eram os vizinhos que aos poucos iam chegando para bater papo, contar suas histórias e comer umas iguarias.
 Tinha um tio que morava no Belenzinho numa casa linda e espaçosa que, no dia de São Pedro, fazia uma grande festa junina onde todos os familiares eram convidados e se divertiam a valer até altas horas da noite. Lá dançavamos quadrilha, soltavamos balões de todos os tipos até os famosos chinesinhos que eram vendidos pela tradicional Loja Ceilão no Centro de S.Paulo.
Às vezes essas lembranças corroem a gente de saudade ao se aproximarem essas festas juninas, pois essa era uma época áurea, não só no Bairro da Vila Pompéia onde morava, mas nas festas dos clubes e quermeses onde participava com meus pais, vestido à caráter,de caipira.
Nas quermeses, gostava do jogo da pescaria, dos maravilhosos quitutes, amendoim torrado na hora, pinhão, pipoca, pamonha, bolo de fubá, quentão, etc.etc.
Assim, após essas maravilhosas recordações das noites frias de junho, é meu desejo finalizar esta crônica cantarolando essa música que estará sempre presente em minha memória:

“Ai que saudade que tenho
Da aurora da minha vida
 Da minha infãncia querida
Que os anos não trazem mais....


HAMILCAR MARQUES – 26/06/2012.




2 comentários:

  1. Claudete Nogueira comentou por e.mail:

    P A R A B É N S !!!!!!!

    ENQUANTO EU LIA SENTI GOSTO DE CANJICA E CHEIRO DE QUENTÃO.
    AHHHHHH QUE SAUDADE .

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  2. Léa Meirelles comentou no mural:
    Ai que saudade!!!!!

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