O VENTO NOROESTE(escrito em maiúsculas porque ele é uma
personalidade entre os demais ventos) chegou sem
aviso prévio,sacudiu a cabeleira das árvores, derrubou
tapumes, entortou postes, estraçalhou coisas. E...foi-se
embora. No chão, jaziam tábuas, fios, galhos. E no meio
dos
destroços, no refúgio entre duas pistas, um passarinho de
asa quebrada agitando-se em vão. Anoitecia.
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Olha o infeliz tentando voar – disse o passageiro
do taxi, quando o sinal fechou.
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Eles ficam assim depois de uma rajada mais forte –
comentou o motorista. – É da vida doutor.
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Dá tempo de descer e apanhar o coitadinho?
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Se andar ligeiro, dá. Mas com esse bolo de carros no
meio, como é que vai chegar até ele? O sinal abrindo, eu tenho de tocar, e não
levo nem o doutor nem o passarinho.
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Isso é verdade.Mas dá pena ver um bichinho desses
sofrendo.
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Faça de conta que não viu.
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Mas eu vi, aí é que está.
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Bem, o doutor é quem resolve.Mas eu não vou perder a
corrida se o sinal.....
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Eu pago adiantado, não me importo com o dinheiro.Vou
deixá-lo no banco de trás.
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O passageiro, então, deixa R$ 20,00 e sai do taxi em
busca do pássaro. O sinal abre e o taxi segue em frente.
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O homem encontra o passarinho e , quando vai pegá-lo,
um vento forte joga o infeliz para
longe. Ele, então, corre para pegá-lo.
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Enfim, já com o pássaro na mão, leva-o para casa e
cuida de sua asa.
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Repentinamente, começa uma terrível tempestade. Ele
liga a TV.
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Prestando atenção no noticiário, ele verifica que uma
árvore caíra no meio da via pública e muitos dos motoristas não conseguiram
sair de seus veículos a tempo. A árvore havia atingido um taxi, cujo motorista
não havia resistido aos ferimentos, e no banco de trás encontraram uma cédula
de R$20,00.
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LAURA MARQUES – 14/06/2012.
NOTA: A crônica acima foi narrada por Laura Marques,
parafraseando uma crônica de Carlos Drummond de Andrade.
Sylvia Carnicelli de Almeida comentou na linha do tempo:
ResponderExcluirFiz um comentario no blog, mas não sei aonde foi parar. repito aqui. Grande Laura. Adora escrever. Puxou o avô. Parabens à ambos. Gosto muito de ler o que vocês escrevem. Continuem sempre. beijocas
Ana Maria Primo Marques comentou no meu mural:
ResponderExcluirMinha neta Laura,gosta de escrever tal e qual seu vovô.Como ela começou cedo ,com certeza terá muitas alegrias nesse caminho.Suas crônicas "prendem" seus leitores pois o desfecho é sempre surpreendente.Parabéns querida.Vovó Ana Maria Primo Marques
Sylvana Marques comentou no meu mural:
ResponderExcluirAdorei!