Após, aproximadamente, 30 minutos, retornava o menino – são e salvo, alegrissímo pela primeira aventura que seu pai lhe proporcionara. Veio no mesmo bonde camarão que o tinha levado. Este fato marcou a sua existência porque demonstrou-lhe a extrema confiança que o pai depositara nele nesse dia, foi mais que um presente de aniversário, foi o desprender do elo que ligava pai e filho para dar-lhe a oportunidade de alçar vôo por conta própria,sem amarras.
A partir daí, o menino se sentiu adulto, amadureceu e sentiu seu ego enaltecido pelo grande feito que nunca esqueceu!
A partir daí, o menino se sentiu adulto, amadureceu e sentiu seu ego enaltecido pelo grande feito que nunca esqueceu!
Assim, os dias se passaram, a família mudou-se para a Vila Pompéia. Para ser mais preciso, mudou-se para a Rua Raul Pompéia, próximo ao antigo prédio da WHITE MARTINS, uma empresa que produzia oxigênio para hospitais, além de outros gases nobres. A rua era de terra vermelha (batida, era verdade) mas com alguns pequenos buracos. Nas grandes chuvas de verão, a rua era ideal para a molecada da época se divertir a valer nas enxurradas que se formavam nas laterais
principalmente em virtude da rua ser uma grande ladeira, que propiciava a água descer em cascata. E.....os jogos de rua, a bolinha de vidro(bolinha de gude), os piões feitos de madeira, e outros que a meninada inventava. Infancia querida que os anos não trazem jamais!!!
O saneamento básico era precário e, a iluminação pública também pois contava com pouquissímos postes. Mas nada melhor do que morar na própria casa, térrea, espaçosa, com um bom quintal, antiga sim com estuque no teto, mas confortável e acolhedora! Tinha até porão! S.Paulo da época era uma cidade serena, tranquila, bondes nos trilhos na famosa Av. São João que tantos músicos inspirou, população pequena nas ruas, poucos carros antigos, todos importados.
Os homens de bengala na mão, guarda chuva no pulso para se resguardar da garoa fina que quase todos os dias caia, e o chapéu, coco pois assim era a moda, todo de feltro, e o pai do meu amigo o usava com frequência.
Ah....e a garoa, quase todos os dias, principalmente no outono, chuva miúda mas persistente, “ São Paulo da garoa, São Paulo da terra boa”, lembra da modinha??? Eu me lembro muito bem!
Voltando aos bondes, o chamado “camarão”, era bonde fechado todo vermelho, sendo essa a razão do nome. E as figuras dos bondes: o condutor, o motorneiro.... O condutor era o cobrador, nos bondes abertos era um heroi se equilibrando para cobrar os passageiros enquanto exercitava seus músculos nos balaústres. O motorneiro era o motorista, o condutor dessa maravilha que hoje não temos mais.
Quanto aos carros que trafegavam pelas ruas e avenidas da S.Paulo antiga, eram os importados Chevrolet 1951, Ford 100-Pick-up, o Galaxie 500, o Ford Impala Sedan 1940, até o Chevrolet Bel Air.
Mas o tempo passou, todos crescemos com S.Paulo, que se agiganta a cada dia que passa, hospitaleira sim
Metrópole, por que não???? Dia 25/01/2011 será o seu aniversário, 457 anos, de muita alegria, tristeza pelas vítimas das enchentes, e da violência urbana que tem nos acometido por todos os lados. No entanto isso é um mal das grandes cidades e, sem conformismos, não está restrito somente a nossa mas a todas aquelas dentro e fora do país.Desta forma, me despeço caros amigos que tem curtido o meu blog, com meus sinceros agradecimentos, e espero que tenham gostado de mais esta postagem.Hamilcar / 24/01/2011.
REVELAÇÃO: O menino personagem principal desta e da postagem anterior, denominadas NA AURORA DA VIDA, foi o próprio autor aos 8 anos de idade – HAMILCAR MARQUES.
Comentário feito por Roberta Teixeira Rodrigues por e.mail.
ResponderExcluir"Óooooootima a sua publicação, e eu fiquei achando até o final que era um amigo seu....hahahahah.S.Paulo era...era...e agora é assim com muitas mutações físicas, climáticas e até acho que,psíquicas... eu lembro bem quando jogava bolinha de gude e brincava aqui na rua,não era mais de terra, mas dava para brincarmos sozinhos, sem preocupação, com segurança.Mas eu acredito que perdi muita coisa boa que vcs pegaram e vejo que essa garotada de hoje perdeu também muito do que tivemos, mas por nem saberem do que se trata, com certeza não sentem falta, e ainda devem exclamar... credo!!! era assim???, e era bom não é??muito melhor não é??? Mas felizmente ou infelizmente, as coisas evoluem, as pessoas mudam e o mundo continua a girar, hora após hora, dia após dia, e parece que gira mais rápido porque o dia é mais curto, que o relógio anda mais rápido....andam...sim...Também com tantas informações e tecnologia, como está, nós nos ocupamos o tempo todo, esquecendo de ter OCIOSIDADE!! Nossa quase um blog haha...,me empolguei e fui escrevendo...hahahahah. Continue escrevendo que sou sua seguidora.Bjs.
Comentário feito por Sabrina Mammana no link:
ResponderExcluirNão consegui comentar no blog, sou meio nó cega com essas coisas... Mas enfim, muito legal o texto. Eu passei a infância lá perto em Perdizes, me lembro da White Martins, o pai de uma amiga trabalhava lá. Na minha época , as ruas já tinham asfalto, e as demais infra-estruturas, mas mesmo assim, o clima era outro. As pessoas tinham mais tempo, não havia celular, nem internet. Não existia esse clima de urgência de hoje. E como era bom receber um cartão de Natal pelo correio (o que é isso mesmo?) e pendurá-lo na Árvore... Havia tempo para tudo, hora de trabalhar, hora de sentar todos juntos para comer, hora de dormir, de descansar. Hoje trabalhamos ao mesmo tempo que fazemos todas as outras coisas e comemos olhando o computador e nos divertimos quando devíamos estar dormindo... Estou tentando adotar um modo de vida mais slow-tudo: tudo com mais calma... Ah, o celular, estou quase aposentando... Que bom é sair sem o chato aparelhinho e não ser achada por ninguém... Quero distância das urgências! PS: Sou também uma saudosista!
Gostei! Gostei muito! O senhor devia continuar a contar mais histórias. É uma delícia lê-las!
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